De acordo com o presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag), Júlio Kämpf, o crescimento do segmento nos últimos anos foi de 5% e está relacionado às oscilações do aumento da agricultura. “As expectativas são boas. Estamos iniciando nossos serviços em outras culturas, como citros, café e reflorestamento. O uso do avião no combate a incêndios também cresceu nos últimos anos e o Sindag trabalha para que a aviação agrícola também seja empregada no combate a vetores de doenças, como exemplo o mosquito da dengue”.
Contudo, a aviação também enfrenta alguns gargalos, entre os quais podemos destacar a dificuldade no recrutamento de pilotos, tanto agrícolas como comerciais e executivos. Segundo Kämpf, no caso da aviação agrícola, a crise está ligada a vários fatores. Com o fechamento de vários aeroclubes no Brasil, a formação de novos pilotos ficou prejudicada em função dos altos custos dos cursos específicos. Outra causa é a migração de profissionais para a aviação regular. “
Este cenário de demanda criou uma escassez de piloto agrícola experiente no mercado”, afirma.
Para o pesquisador do
Núcleo de Aviação e Tecnologia Agrícola do Paraná e piloto, Jeferson Luis Rezende, de maneira geral, a atividade está muito bem em termos de tecnologia aplicada e de qualidade nas operações. Já o setor aeroagrícola sofre com a falta de pesquisas de campo relacionadas com os gargalos do agronegócio, e que disseminem informações tecnológicas para os operadores e para os usuários dos serviços. “
Há muita desinformação técnica junto aos agrônomos, que são os principais indicadores e preconizadores dos serviços aéreos, e também junto aos pilotos, que não contam com nenhum centro de reciclagem periódica no Brasil”, destaca.
No entanto, os gargalos existentes não superam a contribuição que o setor oferece, tanto para a área agrícola como no auxílio ao combate de incêndios. Em seus 63 anos de atividade em solo brasileiro, o setor evoluiu em tecnologia de aplicações, segurança e proteção de pilotos. Para o presidente do Sindag, Júlio Kämpf, as novas tecnologias de aplicação vêm trazendo um crescimento no uso do avião em relação aos equipamentos terrestres. “
Precisamos agilizar as pesquisas que estão sendo desenvolvidas com a EMBRAPA. Seria necessária também uma legislação mais específica para a aviação agrícola, com pessoal capacitado atuando na fiscalização”, observa. O Sindag trabalha por uma maior conscientização das empresas e pilotos nas questões de segurança operacional.
A necessidade de investimento na área da pesquisa também é apontada por Rezende. “
No quesito tecnologia de aplicação, o setor evoluiu, mas temos muito que evoluir ainda”, diz. Ele destaca a necessidade de mais trabalhos e experimentos técnicos realizados por instituições de pesquisas reconhecidas, como a Embrapa,
Fundação ABC, FAPA e Universidades. Quanto à segurança e proteção aos pilotos, Rezende diz que o setor tem mantido certa regularidade e controle sobre o número de acidentes. “
Isso tudo por conta dos próprios operadores, já que a ANAC pouco vê, ou sabe, de fato a respeito da realidade da aviação agrícola brasileira. Eu sempre brinco a respeito deste assunto, dizendo que somente as empresas que possuem bases próximas das cidades é que são acompanhadas e fiscalizadas pelas autoridades. Aquelas que estão mais no interior operam como acham que devem”, ressalta.
De acordo com Rezende, para melhorar a atividade, e consequentemente fomentar o seu progresso de maneira sustentada e organizada, é imprescindível criar alguns centros de ensino e pesquisas aeroagrícolas, vinculados às faculdades de agronomia, que teriam a missão de formar e reciclar periodicamente pilotos e pessoal de apoio (técnicos e agrônomos) e ainda, desenvolver novas tecnologias.