A exploração de petróleo no pré-sal pode esbarrar num gargalo que vem dos ares. Estima-se que a demanda por helicópteros que transportam passageiros até as plataformas em alto-mar (offshore) dobre em cinco anos, quando a mais promissora fronteira petrolífera brasileira estará em plena operação. Hoje, são cerca de 140 aeronaves, segundo a Associação Brasileira de Pilotos de Helicópteros. Com isso, a tripulação de 700 pilotos que atuam no segmento terá de crescer na mesma proporção. O que poderia ser uma oportunidade de emprego, porém, pode se tornar um problema por duas razões: tempo e custo de formação de mão de obra, o que já está levando o Congresso a analisar a possibilidade de importação de pilotos. Hoje, só brasileiros podem exercer função remunerada na profissão.
Os campos de petróleo do présal ficam a até 300 quilômetros da costa. Para voar trajetos tão longos — hoje a distância média das plataformas em alto-mar é de cem quilômetros — os helicópteros precisam ser maiores, de modo a transportar no mínimo 15 pessoas sem necessidade de parar para reabastecer por ao menos quatro horas. Atualmente, o único fabricante de helicópteros no país, a
Helibras, não produz aeronaves de grande porte. A expectativa é que só em 2012 a empresa possa atender as especificidades do pré-sal.
Empresas como
Líder e
BHS, as duas maiores operadoras de voos offshore no Brasil, resolvem a questão importando helicópteros. Juntas, elas investiram mais de US$ 300 milhões desde 2009 na compra de 16 aeronaves — entre elas o S-92, da americana
Sikorsky — capazes de voar até as plataformas do pré-sal. O problema é que não há profissionais para pilotá-las em quantidade suficiente.

Na BHS, por exemplo, apenas sete dos 140 pilotos são habilitados para comandar o S92, o que levou a empresa a trazer seis instrutores de fora para qualificar sua tripulação. "
Esses equipamentos são modelos novos na indústria e nunca haviam operado comercialmente no Brasil. Isso nos obrigou a trazer instrutores estrangeiros", disse o diretorexecutivo da BHS, Décio Galvão.
"
Em caso de aumento expressivo da demanda, pode não haver pilotos suficientes, devido ao longo prazo de formação", diz Júnia Hermont, diretora superintendente da Líder. "
Estamos formando uma nova geração de pilotos agora. Mas, para atender o nível de exigência dos clientes, eles deveriam ter começado há mais tempo", corrobora o chefe de pilotos da BHS, Sérgio Mauro Bomfim Praça.
Além do tempo de formação, o custo da mão de obra é outro entrave. Para comandar o S-92, o piloto terá de gastar cerca de R$ 160 mil em cursos e exames. Uma das tentativas de superar esse gargalo é o projeto de lei 6.716/2009, em tramitação no Congresso. Seu relator, o deputado Rodrigo Loures (PMDB/PR), inseriu uma emenda no projeto que, na prática, permitirá a importação de pilotos, ao estender o tempo de permanência desses profissionais no Brasil para cinco anos. O projeto ainda vai a plenário na Câmara, mas já causa polêmica.
Fonte:
O Globo
Por: Danielle Nogueira
Foto:
Wagner Damasio,
A. E. Helgesen
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