quinta-feira, 29 de julho de 2010

Motores a pistão – Operação em aeroportos de grande altitude

Nos Estados Unidos, para operar em aeródromos de grande altitude, o piloto necessita do chamado "High Altitude Airports Endorsement" na CIV (logbook), o que quer dizer que a tripulação recebeu o treinamento necessário para a operação neste tipo de ambiente. No Brasil isso é inexistente devido à quantidade extremamente pequena de pistas acima dos 3000 pés. A 3000 pés é aonde se começa a considerar um aeroporto de grande altitude. Quando a temperatura for elevada, como é no verão no Arizona (cerca de 40 graus Celsius), isso dá uma Altitude Densidade (a altitude que o motor "pensa" que está) de +- 9000 pés, o que em uma aeronave "aspirada" (i.e. não turbo-alimentada, sem "Turbo-compressor"), significa bem menor potência disponível.

Para decolagem nessas condições, ao contrário do que se faz em baixas altitudes, você deve corrigir a mistura já durante o check pré-decolagem, ainda no solo, antes de alinhar. Isso se faz colocando-se as manetes à pleno (que a 5000 pés já vai gerar bem menos do que a potência máxima) e corrigir a mistura pelo EGT (Exhaust Gas Temperature), deixando no pico de EGT ou talvez uns 100 graus para o lado "rico" do EGT (empobrecer aos poucos até chegar no pico e aí voltar a enriquecer até que o EGT fique uns 100 graus abaixo do pico). Essa configuração é aproximadamente a mistura que lhe dará a maior potência com um pouco de combustível extra para ajudar a refrigerar os cilindros.

Isso resultará em bastante mais potência a 5000 pés do que aquela obtida com a manete de mistura totalmente à frente, que na verdade para essa altitude é rica demais, roubando potência e desperdiçando combustível. Há aeronaves nas quais nem se consegue dar a partida nos motores em uma pista a 5000 pés se a manete de mistura estiver totalmente à frente.

Os cuidados em aeródromos de grande altitude, além da mistura :
  1. A velocidade para decolagem é a mesma Velocidade INDICADA, porém para se chegar nessa indicada, a Velocidade Aerodinâmica (TAS) será maior, isto é, a velocidade real, em relação ao ar, será maior, portanto se consumirá bem mais pista. Isso vale mesmo aeronave sendo turbo-alimentada.

  2. A correção de mistura deve ser feita também antes do pouso, pois caso seja necessário arremeter, você deve estar com a mistura correta.

  3. As trajetórias de vôo após a decolagem serão bem menos inclinadas, isto é, você sairá com a impressão de estar lambendo as coisas ao redor do aeroporto, porque vai estar acostumado às decolagens próximas ao nível do mar.

  4. Aeroportos de grande altitude normalmente estão associados com região de montanhas ou de altos-desertos, o que significa ventos mais fortes, ascendentes e descendentes especialmente próximo às montanhas. Portanto é necessário estar atento.

Fonte: Contato Radar
Por: Arnold Pieper
Foto:
Lee Jangsu, Bernd Sturm

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